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Amazônia e Nordeste devem ter menos chuvas até 2100, diz pesquisa

Gazetaweb.com

Relatório finalizado recentemente pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que o bioma amazônico e o Nordeste do país deverão ter menos chuvas e mais secas no século 21. O relatório considera análises feitas durante 2009 e 2010 e integra dados de 26 projetos distintos.

De acordo com o instituto, que reúne diversas entidades de pesquisa e ajuda a embasar programas de implementação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, a quantidade de chuvas na Amazônia e no Nordesde brasileiro terão redução de até 40% até 2100.

No mesmo período, as chuvas deverão aumentar cerca de 30% em áreas do sudeste da América do Sul, inclundo a bacia Paraná La Plata, segundo o relatório.

Parte do aquecimento na Amazônia, por exemplo, pode ser explicada por uma das pesquisas anexas, segundo a qual 30% da radiação solar em áreas de Manaus (AM) e Porto Velho (RO) é absorvida por partículas atmosféricas provenientes de emissões de queimadas. Agora, cientistas avaliam os efeitos dos aerossóis sobre a saúde das populações.

A prevalência de males como a leptospiroses, a dengue, doenças respiratórias e cardiovasculares também foi analisada por estudos vinculados ao relatório. Um dos exemplos mais preocupantes diz respeito à incidência de dengue em municípios amazônicos.

Em Manaus, a doença estaria associada a outras transmitidas pela água, por exemplo. Segundo o relatório, atividades humanas pelo uso da terra e o avanço do desmatamento poderiam colaborar com o aumenta da incidência da dengue em áreas próximas a capital do Amazonas.

Maldivas estão aumentando, diz cientista à revista alemã

De acordo com matéria publicada no site Spiegel online International, as Maldivas – que se tornaram um símbolo dos perigos do aquecimento global, com a ameaça de desaparecimento sob o mar – podem estar crescendo de tamanho. Isso porque são ilhas formadas por corais, dizem os cientistas.

Paul Kench, um geólogo da Universidade de Aukland, na Nova Zelândia, viajou com mais cinco cientistas para o arquipélago para sondar a verdadeira essência das ilhas tropicais. “Elas são como um organismo vivo, mudando constantemente”, disse Kench à revista alemã.

Ele usou sensores para medir o crescimento das ilhas. Sob as lagoas existentes nas Maldivas, há uma floresta de corais, cujos esqueletos de calcário formam recifes. O arquipélago deve sua existência ao ciclo de vida e morte desses organismos marinhos.

Segundo a publicação Spiegel on line International, o volume de sedimentos capturados pelos cientistas sob as águas – partículas de corais já mortos que formam a base das praias  magníficas desta região –  revelam o quanto de areia está se soltando dos corais. Esse  material contribui para o crescimento das ilhas.

Como muitos outros atóis, as Maldivas são consideradas um paraíso ameaçado pelo aumento do nível do mar.

Mas Kench diz que essa concepção é muito simplista. Ele e o colega Arthur Webb publicaram um artigo com resultados surpreendentes: os geomorfologistas compararam fotos aéreas antigas tiradas durante a Segunda Guerra com imagens de satélite recentes e descobriram que a maioria dos atóis que estavam estudando ou haviam aumentado de tamanho ou haviam permanecido inalterados – embora o nível do mar tenha subido 12 centímetros nas últimas décadas.

“Achamos o aquecimento global um assunto muito sério, mas para prever suas reais consequências para os atóis nós temos de entender primeiro como eles responderão ao aumento do nível do mar no futuro”, disse Kench para a revista alemã.

Aquecimento global já leva populações de lagartos à extinção

O aquecimento global está inviabilizando a sobrevivência de várias populações de lagartos, reduzindo o tempo em que os animais  se mantêm ativos para buscar comida e gerar filhotes, diz estudo internacional publicado a revista Science. Pelo menos 5% das espécies existentes já estão comprometidas, afirma o pesquisador brasileiro Carlos Frederico Duarte Rocha, um dos autores do estudo. Rocha é professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da UERJ.

“Os lagartos têm uma temperatura máxima que toleram voluntariamente”, explica ele. “Se essa temperatura é superada, eles procuram uma sombra ou um abrigo”.

Com a ajuda de simuladores levados a campo na Península de Yucatán, no México, os pesquisadores determinaram quantas horas de exposição ao Sol os lagartos são capazes de tolerar antes que essa máxima seja atingida, tanto em áreas onde os animais ainda existem quanto em locais onde as populações desapareceram. “Se a temperatura é ultrapassada e não se encontra abrigo, o bicho entra em torpor e morre”, diz Rocha.

O Liolaemus lutzae, espécie do RJ da qual já desapareceram populações. Luiz Cláudio Marigo/Divulgação

A conclusão foi de que há lugares que já foram habitados por lagartos mas onde hoje os animais, se ainda estivessem presentes, teriam acesso a, no máximo, uma hora de atividade antes que seus corpos comecem a superaquecer. “Na hora em que vai sair, já está na hora de voltar”, resume Rocha. “Mas o animal precisa estar ativo para encontrar alimentos e copular”.

Com menos horas de atividade disponíveis, os lagartos reproduzem-se menos e as populações começam a diminuir, podendo chegar à extinção. Rocha cita uma espécie que é exclusiva do litoral fluminense, o Liolaemus lutzae e da qual haviam sido registradas, no passado, 24 populações. “Dessas, sete já desapareceram”.

Agregando os resultados do trabalho realizado no México a dados sobre populações de lagartos de várias partes do mundo, os autores do estudo na Science elaboraram um modelo matemático para prever o risco de extinção de lagartos causada pelo aquecimento global. Como teste, o modelo “previu” corretamente a situação dos lagartos no mundo em 2009.

Mapa das extinções locais de lagartos observadas em 2009. Barry Sinervo/Science

Previsão de extinções em 2050, de acordo com o modelo matemático. Barry Sinervo/Science

Previsão de extinções para 2080, segundo o modelo matemático. Barry Sinervo/Science

Para 2080, o cenário previsto é de extinção de 20% das espécies de lagarto do planeta. Esse desfecho ainda pode ser evitado se as emissões de CO2 diminuírem, mas a taxa de extinção projetada para 2050, de 6%, “é improvável de ser evitada”, diz o texto na revista.

Rocha acredita que o fenômeno mostra que os efeitos do aquecimento global já se fazem sentir no presente. “As pessoas falam em aquecimento global como se os problemas fossem aparecer daqui a 30 anos”, diz. “O estudo mostra que o processo já está acontecendo”.

O pesquisador espera que a publicação do trabalho na Science leve cientistas que trabalham com outros grupos de seres vivos, tanto de fauna quanto de flora, a buscar medir o impacto que o aquecimento vem produzindo em seus objetos de estudo.

A parte brasileira da pesquisa foi financiada pelo CNPq e pela Faperj.

Especialista: “mão do homem” pode ter agravado ressaca em SC

A destruição causada pela ressaca que assusta moradores de Florianópolis (SC) teria como principal causa a “mão do homem”. A hipótese foi levantada pelo professor Elói Melo, da Universidade Federal do Rio Grande, em visita aos estragos causados na praia da Armação, região sul da capital catarinense. De acordo com ele, a erosão e o avanço do mar pela costa levariam décadas para se concretizar levando em conta apenas as causas naturais.

“Esse avanço ocorre em várias partes do mundo, mas a escala de tempo é muito grande”, disse. “Aqui na costa catarinense, isso está acontecendo de uma forma muito rápida e intensa. Por isso, é possível que outros fatores além dos naturais estejam causando esse fenômeno. Em todos os episódios estudados pelo mundo verificamos que o homem acelera esse processo de destruição”, afirmou.

Melo é engenheiro e possui doutorado em Ciências Oceânicas. Há trinta anos se dedica a estudar o mar e, principalmente, as ondas. Ele disse ter se assustado com a velocidade de destruição causada na praia da Armação. Sem querer apontar um único culpado pelo problema, ele comentou a existência do molhe de pedras criado para ligar à praia à ilha das Campanhas.

“Isso é uma especulação e tudo tem que ser estudado de forma criteriosa. A linha da costa é um sistema muito delicado e que tem seu equilíbrio. Uma única alteração causa uma série de impactos”, disse, citando o molhe. “Ele interrompeu uma importante comunicação entre as praias da Armação e do Matadeiro. A natureza mantinha essa ligação para a finalidade de acumular e transitar sedimentos entre as duas praias. Com o isolamento das duas, a praia precisa se readaptar”, afirmou.

Para muitos dos moradores, o molhe que liga a praia à ilha seria o causador do problema. A estrutura, de pouco mais de 40 m, conta com pedras em sua parte inferior que inibem a passagem de água entre as duas praias. “Isso é uma vergonha, Está na cara que foi o homem quem causou este tipo de desastre”, afirma a moradora Fabiana Maria Chagas, 41 anos.

O professor preferiu não citar a estrutura de pedras como o principal causador dos problemas e sim, como um “candidato”. “Estamos especulando, pois é necessário um estudo bem aprofundado deste sistema. Mas para mim, este é um candidato a ter agravado a situação”, afirmou Melo. Para ele, a solução “emergencial” seria o enrocamento – estrutura de pedra destinada à proteção contra efeitos erosivos causados pela água – da praia para proteger as construções das ondas. “Com pedras grandes que as ondas não consigam mover. Com isso, teríamos um pouco mais de tempo para estudar e pensar no que fazer”, disse.

Quem vive da pesca garante que a culpa não seria da estrutura. O pescador Alex Vieira, 28 anos, disse que o molhe sempre existiu e aponta o aquecimento global como o causador do problema. “Meu avô tem 89 anos e diz que o molhe sempre foi daquele jeito. Algumas pedras foram até retiradas para servir de âncora”, afirmou. “O ano passado já não tivemos praia e agora sumiu de vez. O aquecimento global elevou o nível da água. Não foram os moradores que invadiram a praia, foi o mar que subiu”, disse.

O prefeito Dário Berger (PMDB) concorda com o especialista sobre a interferência do homem no local, mas também preferiu não eleger um culpado pelas mudanças. Para ele, o esforço agora é tentar “salvar o que resta”. A responsabilidade sobre a região costeira é da União, mas a prefeitura decretou emergência e negociou com órgãos ambientais e o Ministério Público (MP) para obter agilidade em licenças ambientais. “Montamos uma mega-operação e mostramos a todos os órgãos fiscalizadores a necessidade de obras emergenciais. A situação é muito crítica e o isolamento de algumas áreas vai impedir mais destruição”.

O projeto de enrocamento visa a conter o avanço do mar e proteger a costa em ressacas mais severas. Depois dele, governo do Estado e prefeitura irão começar a desenvolver um plano de recuperação da praia.

Mas, segundo moradores, o problema na Armação não é apenas com os episódios de ressaca, bastante comuns entre maio e agosto. Para eles, o mar avançou de uma forma “rápida” nos últimos três meses e não recuou mais. A cada nova ressaca, as ondas batem diretamente nas casas. Segundo moradores que sempre frequentaram a região, como Athaíde Silva, a praia nunca havia vivido situação semelhante. “O mar subia nas ressacas, atingia a costa, mas depois devolvia a praia”, disse. “Ele não está recuando e a cada ressaca avança mais sobre as casas”.

Emergência
A prefeitura de Florianópolis decretou situação de emergência e conta com a ajuda de soldados do Exército para realizar a construção de uma barreira com sacos de areia. Até mesmo moradores estão trabalhando como voluntários no meio da rua para ensacar a areia. Nesta semana, uma das casas condenadas acabou demolida pela prefeitura. Ao todo, já são sete residências interditadas e pelo menos 70 afetadas na cidade.

Muro
A cidade receberá R$ 10 milhões do governo federal, em caráter de emergência, para a realização de obras que possam conter o avanço do mar na praia da Armação. O anúncio foi feito na quinta-feira pela senadora Ideli Salvatti (PT) e pelo prefeito. Ele disse que órgãos ambientais e integrantes do Ministério Público participaram das reuniões para se chegar a um acordo sobre o que deveria ser feito.

Um muro de pedras de aproximadamente 80 mil m² será construído na praia para tentar conter o avanço do mar e evitar que a água atinja casas e um rio da região. Na estrutura, serão utilizadas pedras de 2 t que poderão suportar o impacto do mar. O muro, entretanto, não é a solução definitiva para o problema, disse Berger.

Aquecimento global pode beneficiar produção agrícola, afirma cientista

Apesar do severo inverno que atingiu os países do hemisfério norte neste ano, o aquecimento global não apresenta sinais de regressão, afirmou nesta terça-feira, 27, a Agência Alemã de Meteorologia (DWD, da sigla em inglês). Mas as mudanças climáticas estão sendo vistas pelos alemães como um impulso para a agricultura local.

Segundo a DWD, a elevação da temperatura na Alemanha pode representar um impulso aos produtores agrícolas locais. “Os agricultores do norte da Europa serão beneficiados com o aquecimento. O aumento da temperatura vai expandir o potencial de crescimento agrícola de forma considerável”, afirma Paul Becker, da DWD.

“Os produtores alemães poderão plantar diversas variedades de milho que se desenvolvem melhor em temperaturas mais altas. Mas teremos que observar um potencial problema: a falta de água”, disse Becker.

O número de céticos sobre as mudanças climáticas têm aumentado na Alemanha, um dos quatro maiores países industrializados do mundo. Uma pesquisa apontou que 42% dos alemães estão preocupados com o aquecimento global, ficando abaixo dos 62% verificados em 2006. Cerca de 30% dos entrevistados afirmaram que não consideram válidas as pesquisas sobre o clima e aproximadamente 40% acreditam que a Alemanha vai se beneficiar com as mudanças climáticas.

“É um erro interpretar esse rigoroso inverno que tivemos no fim do ano passado e no início deste ano como um sinal de que o aquecimento global pode estar freando. Os pesquisadores têm que analisar pelo menos um período de 30 anos para falar sobre as mudanças climáticas”, disse Wolfgang Kusch, presidente da Agência Alemã de Meteorologia. “Se registramos baixíssimas temperaturas no último inverno, a última década foi a mais quente na Alemanha em 130 anos.”

Aquecimento global demanda adaptação das plantas, alerta pesquisador

Avaliação do agrônomo Eduardo Assad foi feita durante fórum promovido pela CNA

Canal Rural

O aquecimento global já está consolidado e exige resposta tecnológica, como o desenvolvimento de variedades genéticas de plantas adaptadas à transição climática, avaliou nesta terça, dia 30, o agrônomo Eduardo Assad, ex-secretário executivo do Programa de Recursos Naturais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

— Não estamos mais questionando se há aquecimento ou não, mas sim desenvolvendo pesquisas para adaptar as plantas, para que possam continuar crescendo num ambiente de temperatura maior — disse Assad.

A avaliação foi feita durante o Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2010), promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Segundo Assad, no entanto, o aumento de temperatura não significa apenas más notícias.

— O risco de geadas está mais reduzido, o que é muito bom, por exemplo, para o café — disse.

Em contrapartida, ainda tomando como exemplo o café, ele apresentou imagens do tipo arábica – menos resistente ao aumento de temperatura – submetido a três dias seguidos de temperaturas entre 33 e 34 graus quando já estava florido.

— Se há deficiência de água, o resultado é este — disse, mostrando os frutos calcinados pelo calor.

Se variedades mais resistentes não forem encontradas – Assad citou um possível “arabusta”, em que a arábica adquiriria a maior afinidade ao calor da variedade robusta -, a tendência, diz o pesquisador, é de que o “café passe a ser produzido em altitudes maiores ou regiões mais amenas”.

Variedades e zoneamento
A mudança do zoneamento dos diferentes cultivos não se limitaria ao café.

— Há um estudo em Santa Catarina que mostra que se houver um aumento de dois graus na temperatura, a produção de maçãs se tornaria inviável. Mas já estão se preparando para que, se isso acontecer, haja a substituição por bananas caso não se consiga o melhoramento genético das maçãs — disse o pesquisador.

Assad considerou que as Regiões Sul e Sudeste estão bem preparadas para a eventual adaptação à mudança climática, em virtude da prioridade dada à pesquisa de variedades de arroz, feijão, milho e soja.

— Minha preocupação é com o Nordeste, onde não estão sendo estudados os cultivos locais, como umbu, seriguela ou cajá-manga. Qualquer esforço de adaptação no Nordeste vai levar no mínimo 15 anos — explicou.

Ainda que os desafios da mudança climática pareçam grandes, Assad acredita que a pesquisa agrícola é capaz de fornecer respostas à altura.

— Em 1977, pesquisadores dos Estados Unidos diziam que seria impossível produzir soja em baixas latitudes. E hoje temos metade da soja produzida no Hemisfério Norte e metade no Hemisfério Sul — avaliou.

Sobre a pecuária, o pesquisador disse que o setor tem condições, de adotar uma atitude menos “reativa” e mais “proativa”, de abandonar a condição de “vilã” para assumir a de “protagonista” no combate ao aquecimento global.

— Pastagens degradadas são emissoras, mas as pastagens bem manejadas são excelentes sequestradoras de carbono — finalizou.

Por Agência Estado

Clima irregular prejudica cultura de café e cana-de-açúcar

SÃO PAULO – Entre as culturas de peso na  balança comercial brasileira, o clima irregular com excesso de chuvas registrado em dezembro, janeiro e fevereiro em São Paulo, trouxe efeitos para a cana-de-acúcar e o café. Nesse último caso, os problemas têm sido as floradas desiguais ou diversas floradas. Isso provoca o desenvolvimento do fruto em fases diferenciadas – enquanto alguns estão em granação, outros podem estar no ponto da colheita.

Em conseqüência, o grão a ser colhido a partir de maio corre o risco de ir para o mercado com baixa na qualidade, adverte o engenheiro agrônomo Saulo Saleiros, da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas da Alta Mogiana, entidade que reúne produtores dos municípios de Franca, Pedregulho, Cristais Paulistas, Jeriquara, Ribeirão Corrente, Patrocínio Paulista e São José da Bela Vista.

Segundo ele, nesse período do verão tem chovido pouco na região, mas as chuvas fora de época durante o inverno atrapalharam o processo natural de desenvolvimento da planta.“O café se desenvolve com tempo chuvoso e quente, mas precisa do momento seco e frio para o estado de dormência necessário ao seu metabolismo”, explicou Saleiros.

Ele acredita, no entanto, que em termos de quantidade, a maioria não terá do que reclamar. Dados apurados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) no escritório regional da secretaria em Ribeirão Preto indicam estimativa de perdas de até 10%, principalmente pelo comprometimento da infraestrutura para o escoamento da safra.

Além de implicar maiores custos para a colheita e o beneficiamento, o excesso de umidade fora de hora pode levar alguns grãos a ficar murcho, alertou o pesquisador científico do IEA, Celso Vegro. Ele acrescentou que em razão das fases mistas de grãos maduros com outros sem estar no ponto certo de maturação, ou ainda verdes, o resultado poderá ser  “o daquele gosto adstringente da bebida”.

A previsão para a safra 2010, feita em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indicou um crescimento de 12,7% a 19,9% na colheita no estado, passando de 3,8 milhões  para 4,1 milhões de sacas de 60 quilos.

São Paulo ocupa a terceira colocação no ranking nacional, que é liderado por Minas Gerais ( com previsão de 24,7 milhões de sacas de 60 quilos), seguido pelo Espírito Santo ( 12,04 milhões). O Brasil é o maior produtor mundial e deve colher entre 45,8 milhões e 48,6 milhões de sacas, incluindo os tipos arábica e conilon, o que representará de 16,3% a 23,3% a mais do que na safra anterior.

Sobre os prejuízos na cana-de-açúcar, a Coodernadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria (Cati) calcula que houve uma redução de 10% da produção O equivalente a 40 milhões de toneladas refere-se à chamada safra bisada – ou seja , não houve o corte no momento certo e, numa colheita tardia, cai o teor de açúcares totais recuperáveis, diminuindo a capacidade de transformação em açúcar e álcool.

Preço dos alimentos deve aumentar nos próximos anos, diz FAO

Em relatório, a entidade prevê crescimento da demanda por produtos pecuários até 2050

Canal Rural

O preço dos alimentos deve aumentar nos próximos anos. A previsão é da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em relatório divulgado nesta quinta, dia 18. Segundo a entidade, a produção de energia e o crescimento da renda em países em desenvolvimento vão ser alguns dos responsáveis pela alta.

As lideranças mundiais buscam acordos para controlar o aquecimento global e alternativas para continuarem crescendo. Segundo a FAO, as metas estipuladas entre os países não consideram as condições de mercado.

A crescente demanda por biocombustíveis deve elevar os preços do milho e de óleos vegetais usados como matéria-prima para biodiesel e etanol. Ainda de acordo com a entidade, os preços dos alimentos também vão ser pressionados pelo crescimento da renda das famílias nos países em desenvolvimento, o que pode ameaçar a segurança alimentar, especialmente nas regiões mais pobres do planeta.

A agência também alertou que medidas protecionistas e o acumulo de estoques podem desequilibrar o mercado. No relatório, a FAO também prevê que o aumento da população vai gerar um forte crescimento da demanda por produtos pecuários. A produção global deve subir para mais de 463 milhões de toneladas por ano até 2050. Atualmente, são produzidas 228 milhões de toneladas anuais.

Neste período, o rebanho de bovinos, por exemplo, deve subir de 1,5 bilhão para 2,6 bilhões de cabeças. A FAO também estima aumento no número de cabras e ovelhas. O relatório anual não fazia referência ao setor pecuário desde 1982.

Imagem produzida pela Nasa mostra mapa do aquecimento global

A primeira década deste século foi mesmo a mais quente da história, de acordo com novos números de temperatura da superfície do planeta divulgados pela Nasa. A agência espacial americana também constatou que 2009 foi o segundo ano mais quente desde 1880, quando medições de temperatura passaram a ser feitas. O ano mais quente foi 2005. O maior aumento na temperatura média ocorreu na região do Ártico, como se observa no quadro ao lado.

O Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS, na sigla em inglês), da Nasa, comparou as temperaturas médias dos períodos entre 1951-1980 e 2000-2009. Para isso, utilizou três fontes em seus cálculos: registros de temperatura de mais de mil estações meteorológicas espalhadas pelo mundo; medições da temperatura da superfície da água feitas por satélites; e aferições de temperatura feitas na Antártica. Os números obtidos nestas três fontes de informação foram processados por um computador do instituto.

Segundo os cientistas, uma combinação de fatores tem provocado o aquecimento global. O aumento das emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa é um deles. Mas há outros fenômenos que contribuem para este quadro, como mudanças na radiação solar e oscilações na temperatura do oceanos, provocadas pela dinâmica das correntes marítimas e pelos fenômenos El Niño e La Niña.

– Há uma variabilidade substancial a cada ano na temperatura global, causada pelo ciclo El Niño-La Niña. Porém, quando calculamos a média de temperatura durante cinco ou dez anos para minimizar essa variabilidade, descobrimos que todo um conjunto de fatores contribui para explicar as mudanças climáticas – comenta James E. Hansen, diretor do GISS, um dos maiores climatologistas do mundo.

Os dados da Nasa mostram uma tendência de temperatura crescente de aproximadamente 0,2 graus Celsius por década durante os últimos 30 anos.

– Esse é o número importante para manter em mente – conta Gavin Schmidt, climatologista do Instituto Goddard.

A Nasa apurou ainda que 2009 empata com 2006 na posição de quinto ano mais quente já registrado, baseado em medidas retiradas na terra e no mar. A análise, conduzida pelo GISS em Nova York, também mostra que no Hemisfério Sul, 2009 foi o ano mais quente desde 1880.

E embora 2008 tenha sido o ano mais fresco da década – devido ao forte resfriamento do Oceano Pacífico tropical – 2009 viu um retorno a temperaturas globais próximas dos números recordes.

O ano passado foi apenas uma fração de um grau mais frio do que em 2005, o ano mais quente registrado, e preso ao agrupamento de outros anos – 1998, 2002, 2003, 2006 e 2007 – como o segundo ano mais quente.

Formuladores das políticas propostas Conferência do Clima no mês passado concordaram com o objetivo de manter o aumento das temperaturas globais médias 2 graus Celsius, para evitar os piores efeitos do aquecimento global. Os dados da Nasa fornecem novas evidências para a discussão científica do aquecimento global e para a tomada de decisões pelas nações.

Manaus lança programa para combater fumaça de veículos

Agência Brasil

O combate à emissão de gases de efeito estufa em Manaus ganhará reforço em 2010 com o lançamento de um programa municipal que irá promover operações sistemáticas de fiscalização em empresas de ônibus e transportadoras que mantêm frotas de veículos movidos a diesel, além de blitz nas principais e mais movimentadas ruas da cidade. O programa também tem como objetivo impedir as queimadas urbanas e conscientizar a população sobre a necessidade de melhoria da qualidade do ar.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus, Marcelo Dutra, explicou que as ações fazem parte de uma estratégia da prefeitura para diminuir a incidência de gases poluentes que causam danos ao meio ambiente.

Hoje (14), a primeira blitz de combate à fumaça preta foi realizada na cidade por fiscais da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Semmas), com apoio de agentes do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) e da Guarda Municipal Metropolitana.

A ação, segundo o secretário, apresentou resultado positivo. “O balanço dessa primeira ação é positivo. Conseguimos vistoriar 64 caminhões, dos quais 13 foram notificados por apresentar potencial ofensivo e outros cinco autuados por estarem em total desacordo com a legislação”, destacou.

Os caminhões autuados têm até 20 dias para apresentar à Semmas o laudo de opacidade, que atesta a realização do serviço de regulação do motor do veículo (necessário para impedir a emissão de poeira e de fumaça preta acima do que é previsto por legislação municipal e federal).

Além disso, todo veículo de grande porte precisa estar em dia com seu Certificado do Registro Cadastral, que deve ser renovado anualmente. As multas para quem desrespeitar a legislação podem chegar a R$ 30 mil. O veículo pode ser apreendido em casos de reincidência ou não pagamento de multa.

“As blitze vão ajudar Manaus a conhecer os níveis de poluição atmosférica da cidade e orientar as empresas a manterem programas de manutenções dos seus veículos, evitando a dispersão de poluentes”, acrescentou Dutra.

A previsão da Semmas é de que pelo menos seis blitze de rua sejam realizadas ao longo deste ano, além das operações em garagens de empresas de transporte coletivo, transporte especial e transportadoras. A vistoria dos veículos em Manaus é feita com o uso de uma espécie de régua que permite a comparação de níveis de coloração de fumaça a partir da aceleração do veículo, identificando os emissores de fumaça acima do permitido.

Veículos movidos a diesel devem manter o sistema de injeção de combustível regulado. Quando parado no tráfego, o motorista não deve acelerar seu veículo desnecessariamente pois isso aumenta a emissão dos poluentes. Outra recomendação é a troca dos filtros de ar que, quando sujos, aumentam o consumo de combustível e a poluição da atmosfera.